sábado, 28 de abril de 2012

MODELOS E TENDÊNCIAS EVOLUTIVAS NOS SISTEMAS EDUCATIVOS EUROPEUS

Globalização, integração, cooperação, competitividade, multiculturalidade, são termos que fazem parte do vocabulário dos países desenvolvidos. Mas esta Europa do progresso, com índice de desenvolvimento humano elevado, depara-se com problemas de desemprego, marginalidade, desequilibro regionais, sociais e tecnológicos, que proclamam novos desafios!
A escola tradicional apoiada por sistemas educativos centralizados, baseada no taylorismo, reprodutora da estrutura social e assente no paradigma economicista não se enquadra na sociedade atual. A hegemonia da escola na formação do jovem já não existe, a esfera do trabalho e das organizações são contextos de aprendizagem onde se constroem novos saberes e novas competências, questiona-se a função da escola.
Carneiro. R (1994) aponta cinco pontos de insatisfação em relação aos sistemas educativos europeus: insucesso educativo elevado, fragilidade da relação educação/ emprego, incapacidade de estado em resolver os problemas emergentes dos sistemas educativos, inadequação dos sistemas educativos face à sociedade multicultural e modelos educativos centrados na aquisição de objetivos cognitivos e intelectuais, desfasados das exigências da sociedade atual. Qual a solução?
 Numa sociedade global, Canário (2006) foca a tendência da “regulação transnacional das política educativas”, consequência da erosão política do estado-nação, integrados em organizações supra nacionais, como é exemplo a União Europeia.
No âmbito da construção de políticas comuns, o Conselho da Europa indica os pontos fulcrais para os sistemas educativos dos estados membros, visando a competitividade da União Europeia no contexto internacional e a coesão social. Assim defende:
- Desenvolvimento de competências essenciais por todos os alunos, com o objetivo de promover o desenvolvimento pessoal, a inclusão social, a participação ativa e a empregabilidade. Defendem a centralidade dos programas de ensino no desenvolvimento de competências (comunicação na língua materna e língua estrangeira, matemática, ciências e digital, tal como competências transversais do saber ser, saber estar e saber viver em comum).
- Preparar o aluno para a aprendizagem ao longo da vida, desenvolvendo metodologias na sala de aula capazes de tornar o aluno mais autónomo na construção do conhecimento e envolvendo-o em práticas colaborativas, apoiadas pelas tecnologias de informação e comunicação.
- Contribuir para o crescimento económico sustentável, aumentando o sucesso escolar e a qualidade das aprendizagens, com duplo objetivo, contribuir para o crescimento económico da união europeia e a qualidade de vida do futuro cidadão.
- Promovendo a equidade na educação, optando por políticas educativas, que em parceria com outros setores vão de encontro aos problemas sociais que se refletem na escola.
- Promover uma escola para todos, apostando em sistemas mais flexíveis capazes de integrarem todos os alunos, através do desenvolvimento de práticas colaborativas e respeitando a individualidade e singularidade.
- Preparar os futuros cidadãos para uma cidadania ativa, através do desenvolvimento de iniciativas interligadas com o meio, que permitam a participação democrática e criação de um clima de confiança e responsabilidade social.
- Como principais agentes de mudança e com funções cada vez mais exigentes é imprescindível maior aposta na qualidade da formação do professor, quer no início, quer a longo da sua carreira.
- Apostar no desenvolvimento das comunidades escolares, através da formação de lideranças que imprimem ritmo de mudança, descentralizando os sistemas educativos e abrindo-se às comunidades locais, promover um sistema de avaliação interna e externa com vista à melhoria.
Os grandes desafios defendidos para a “Educação do séc.XXI” assentam numa visão economicista da educação ao defender a educação/formação para a “produtividade”, “competitividade” e “empregabilidade”( Canário,2006), mas também podemos denotar uma vertente humanista, ao ir de encontro aos problemas sociais e ao reconhecimento da diferença, mas não faltará a vertente cultural, na defesa da arte e da imaginação, contribuindo para a formação do cidadão em toda a sua plenitude?
Importa refletir sobre o modelo educativo capaz de dar resposta à educação do séc. XXI.
Um modelo assente num tronco comum ou aposta em percursos alternativos?
Uns defendem a mesma escola para todos, durante a escolaridade obrigatória, outros apostam em percursos alternativos após o ensino básico, ou ainda mais cedo. Qual a melhor opção?
Se para os primeiros a ideia subjacente é que “uma sociedade democrática deve favorecer a igualdade de oportunidades, possibilitando a escolaridade obrigatória às crianças uma socialização de qualidade nos vários domínios: político, social, cultural e económico”; para os segundos, “a qualidade das aprendizagens só é possível se as crianças poderem optar por percursos diferenciados e assim ultrapassarem as situações de desigualdades associadas à estrutura económica e social das suas famílias”. [1]
São vários os cenários  no contexto europeu, que decorrem de diferentes interpretações políticas, económicas, sociológicas, pedagógicas,…, mas todas concorrem para o mesmo objetivo, a qualidade das aprendizagens, visando o sucesso do futuro cidadão.

Bibliografia :
Canário, Rui (2006) - A Escola e a Abordagem Comparada. Novas realidades e novos  olhares, in: sisifo.fpce.ul.pt/pdfs/03-RCanario.pdf (consultado em  22/4/2012)
Carneiro.R. (1994) – A evolução da economia e do emprego. Novos desafios para os sistemas educativos no debaldar do sec. XXI . in: http://www.moodle.univ-ab.pt/moodle/mod/resource/view.php?id=1166181

Vaniscotte, Francine - Les systèmes éducatifs en Europe, in: : http://www.moodle.univ-ab.pt/moodle/mod/resource/view.php?id=1166031 (consultado em 22/4/2012)
 Comissão das Comunidades Europeias (2006) - DOCUMENTO DE TRABALHO DOS SERVIÇOS DA COMISSÃO ESCOLAS PARA O SÉCULO XXI, in: http://ec.europa.eu/education/school21/consultdoc_pt.pdf (consultado em 22/4/2012)




[1] “Les systèmes educatifs en Europe (adaptado) in: http://www.moodle.univ-ab.pt/moodle/mod/resource/view.php?id=1166031 (consultado em 22/4/2012)

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