sábado, 28 de abril de 2012

RSA Animate - Changing Education Paradigms




          Hoje a educação debate-se com duas grandes questões: como educar as crianças para a imprevisibilidade da economia do séc.XXI,  como responder às diferenças culturais numa era global
            As respostas têm conduzido à não integração de todas as crianças nos sistemas educativos, consequência de um modelo educativo que foi construído à seculos atrás.
            Se até ao sec. XVIII predominou o paradigma cultural, na formação de uma elite que detinha o conhecimento, com a industrialização, a educação alicerçada pelo paradigma económico, começa a formar uma mão-de-obra disciplinada que saiba os rudimentos da leitura e da escrita, para fator de produção da atividade industrial. Apesar de contestada por alguns, a escola pública abre as portas a todos os jovens, inspira igualdade de oportunidades e ascensão social, mas na realidade continua a reproduzir desigualdades sociais. Há os que atingem níveis de escolaridade elevados, formando as elites intelectuais, politicas ou de serviços especializados, e há os outros, os que ficam pelos níveis de escolaridade mais baixos ou nem tiveram acesso à educação formal e que sustentam a sociedade com a força de trabalho braçal.
            A escola é comparada a uma unidade de produção. O edifício é a fábrica, as aulas são as linha de produção, os alunos a matéria prima, os tempos são os  espaços  e os currículos a tecnologia e os diplomas os produtos estandardizados. Os jovens são “formatados” segundo o seu grau de inteligência, avaliada por testes padronizados. Quem não corresponde ao nível de exigência dos diferentes patamares, sai da linha de produção! Mas há que chegar ao fim, nem que seja à custa de manipulação.
            A sociedade atual está longe da sociedade industrial que prevaleceu durante o seculo XX. A diminuição das distâncias relativas aproximaram o Homem e este reconheceu o direito à diferença. A escola debate-se com a diversidade cultural e deixou de ser a centralidade dos jovens, estes são aliciados por fatores externos à escola. Hoje são inúmeros os desafios que se colocam à escola, as respostas exigem criatividade, tal como se exige a formação de um jovem criativo, capaz de se inserir numa sociedade em mudança!


Paradignas da educação

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MODELOS E TENDÊNCIAS EVOLUTIVAS NOS SISTEMAS EDUCATIVOS EUROPEUS

Globalização, integração, cooperação, competitividade, multiculturalidade, são termos que fazem parte do vocabulário dos países desenvolvidos. Mas esta Europa do progresso, com índice de desenvolvimento humano elevado, depara-se com problemas de desemprego, marginalidade, desequilibro regionais, sociais e tecnológicos, que proclamam novos desafios!
A escola tradicional apoiada por sistemas educativos centralizados, baseada no taylorismo, reprodutora da estrutura social e assente no paradigma economicista não se enquadra na sociedade atual. A hegemonia da escola na formação do jovem já não existe, a esfera do trabalho e das organizações são contextos de aprendizagem onde se constroem novos saberes e novas competências, questiona-se a função da escola.
Carneiro. R (1994) aponta cinco pontos de insatisfação em relação aos sistemas educativos europeus: insucesso educativo elevado, fragilidade da relação educação/ emprego, incapacidade de estado em resolver os problemas emergentes dos sistemas educativos, inadequação dos sistemas educativos face à sociedade multicultural e modelos educativos centrados na aquisição de objetivos cognitivos e intelectuais, desfasados das exigências da sociedade atual. Qual a solução?
 Numa sociedade global, Canário (2006) foca a tendência da “regulação transnacional das política educativas”, consequência da erosão política do estado-nação, integrados em organizações supra nacionais, como é exemplo a União Europeia.
No âmbito da construção de políticas comuns, o Conselho da Europa indica os pontos fulcrais para os sistemas educativos dos estados membros, visando a competitividade da União Europeia no contexto internacional e a coesão social. Assim defende:
- Desenvolvimento de competências essenciais por todos os alunos, com o objetivo de promover o desenvolvimento pessoal, a inclusão social, a participação ativa e a empregabilidade. Defendem a centralidade dos programas de ensino no desenvolvimento de competências (comunicação na língua materna e língua estrangeira, matemática, ciências e digital, tal como competências transversais do saber ser, saber estar e saber viver em comum).
- Preparar o aluno para a aprendizagem ao longo da vida, desenvolvendo metodologias na sala de aula capazes de tornar o aluno mais autónomo na construção do conhecimento e envolvendo-o em práticas colaborativas, apoiadas pelas tecnologias de informação e comunicação.
- Contribuir para o crescimento económico sustentável, aumentando o sucesso escolar e a qualidade das aprendizagens, com duplo objetivo, contribuir para o crescimento económico da união europeia e a qualidade de vida do futuro cidadão.
- Promovendo a equidade na educação, optando por políticas educativas, que em parceria com outros setores vão de encontro aos problemas sociais que se refletem na escola.
- Promover uma escola para todos, apostando em sistemas mais flexíveis capazes de integrarem todos os alunos, através do desenvolvimento de práticas colaborativas e respeitando a individualidade e singularidade.
- Preparar os futuros cidadãos para uma cidadania ativa, através do desenvolvimento de iniciativas interligadas com o meio, que permitam a participação democrática e criação de um clima de confiança e responsabilidade social.
- Como principais agentes de mudança e com funções cada vez mais exigentes é imprescindível maior aposta na qualidade da formação do professor, quer no início, quer a longo da sua carreira.
- Apostar no desenvolvimento das comunidades escolares, através da formação de lideranças que imprimem ritmo de mudança, descentralizando os sistemas educativos e abrindo-se às comunidades locais, promover um sistema de avaliação interna e externa com vista à melhoria.
Os grandes desafios defendidos para a “Educação do séc.XXI” assentam numa visão economicista da educação ao defender a educação/formação para a “produtividade”, “competitividade” e “empregabilidade”( Canário,2006), mas também podemos denotar uma vertente humanista, ao ir de encontro aos problemas sociais e ao reconhecimento da diferença, mas não faltará a vertente cultural, na defesa da arte e da imaginação, contribuindo para a formação do cidadão em toda a sua plenitude?
Importa refletir sobre o modelo educativo capaz de dar resposta à educação do séc. XXI.
Um modelo assente num tronco comum ou aposta em percursos alternativos?
Uns defendem a mesma escola para todos, durante a escolaridade obrigatória, outros apostam em percursos alternativos após o ensino básico, ou ainda mais cedo. Qual a melhor opção?
Se para os primeiros a ideia subjacente é que “uma sociedade democrática deve favorecer a igualdade de oportunidades, possibilitando a escolaridade obrigatória às crianças uma socialização de qualidade nos vários domínios: político, social, cultural e económico”; para os segundos, “a qualidade das aprendizagens só é possível se as crianças poderem optar por percursos diferenciados e assim ultrapassarem as situações de desigualdades associadas à estrutura económica e social das suas famílias”. [1]
São vários os cenários  no contexto europeu, que decorrem de diferentes interpretações políticas, económicas, sociológicas, pedagógicas,…, mas todas concorrem para o mesmo objetivo, a qualidade das aprendizagens, visando o sucesso do futuro cidadão.

Bibliografia :
Canário, Rui (2006) - A Escola e a Abordagem Comparada. Novas realidades e novos  olhares, in: sisifo.fpce.ul.pt/pdfs/03-RCanario.pdf (consultado em  22/4/2012)
Carneiro.R. (1994) – A evolução da economia e do emprego. Novos desafios para os sistemas educativos no debaldar do sec. XXI . in: http://www.moodle.univ-ab.pt/moodle/mod/resource/view.php?id=1166181

Vaniscotte, Francine - Les systèmes éducatifs en Europe, in: : http://www.moodle.univ-ab.pt/moodle/mod/resource/view.php?id=1166031 (consultado em 22/4/2012)
 Comissão das Comunidades Europeias (2006) - DOCUMENTO DE TRABALHO DOS SERVIÇOS DA COMISSÃO ESCOLAS PARA O SÉCULO XXI, in: http://ec.europa.eu/education/school21/consultdoc_pt.pdf (consultado em 22/4/2012)




[1] “Les systèmes educatifs en Europe (adaptado) in: http://www.moodle.univ-ab.pt/moodle/mod/resource/view.php?id=1166031 (consultado em 22/4/2012)

domingo, 1 de abril de 2012

Que interpelações das sociedades contemporâneas na educação e sistemas educativos?

          Estamos a afastar-nos da sociedade industrial centrada na produção de bens. Nas últimas décadas vivemos na Sociedade da Informação, assente no desenvolvimento das novas tecnologias de informação e comunicação, que aproximaram o Homem e transformou a Terra numa “aldeia global”. Hoje caminhamos para a Sociedade do Conhecimento, onde o domínio da tecnologia e da ciência dita o poder económico e a supremacia dos países. 
         Para Ronald Barnett (2002) cit. Clímaco (2005) vivemos num mundo caracterizado pela contestabilidade – fruto da liberdade de expressão que caracteriza a democracia do mundo ocidental, pelo desafio – novos conhecimentos estão surgindo, consequência da inovação e avanços tecnológicos; pela incerteza – devido ao ritmo de mudança no conhecimento, na organização social, no trabalho e na economia, e pela imprevisibilidade – a analise e compreensão dos sistemas fogem aos parâmetros estabelecidos. Acrescentaria, pelo contraste – entre países desenvolvidos e países em desenvolvimento; pela interculturalidade – no contacto entre os povos, e pelos desafios ambientais – em resposta à degradação ambiental. Qual a resposta da educação e sistemas educativos face a estas constatações?
          Adotando a definição de Ramos (2007), o sistema educativo é constituído pelo conjunto de estruturas e instituições educativas, que ao relacionarem-se entre si e com o meio ambiente de forma integrada e dinâmica, procuram alcançar um objetivo comum, o de garantir a realização de um serviço educativo que corresponda às exigências e demandas da sociedade. Assim, educação e sociedade interrelacionam-se, num movimento dialético de influências recíprocas; se a educação é ditada pela sociedade, a evolução da sociedade é condicionada pela educação.
        Atualmente a educação tem vindo a ser direcionada em duas perspetivas, a  social, ao «assegurar a formação civil e moral dos jovens».[1], e outra de carater  técnico ao desenvolver capacidades para o trabalho, presentes na formação geral e na formação específica[2]. Assim, desenvolveu-se o conceito de escolaridade obrigatória, a cumprir por todos os cidadãos, proporcionando competências que possibilitem a sua integração na sociedade. A formação específica incidindo no ensino secundário e superior, destaca o aprofundamento dos saberes e o desenvolvimento de capacidades técnicas e científicas capazes de darem resposta à evolução tecnológica. Acompanhando a tendência europeia, a escolaridade obrigatória em Portugal com  a Lei n.º 85/2009 de 27 de Agosto, passou a abranger os jovens até aos 18 anos de idade. O prolongamento da escolaridade obrigatória, abrangendo o ensino secundário, não será uma resposta ao desafio da sociedade, na exigência de cidadãos cada vez mais qualificados?
      Como refere Delors[3], é necessário caminhar-se para uma “Sociedade Educativa”  assente em quatro pilares: Aprender a Ser – ao formar cidadãos autónomos, responsáveis, capazes de construírem o seu projeto de vida; Aprender a Conhecer – ao promover o desenvolvimento de competências que possibilitem ao individuo construir o seu conhecimento, potenciando os novos meios de saber numa sociedade em rede;  Aprender a Fazer – ao dotar o individuo de capacidades para a aplicabilidade  dos saberes  teóricos, promovendo o desenvolvimento tecnológico; Aprender a Viver Juntos – promovendo a descoberta do outro e o respeito pela diferença, no desenvolvimento de projetos comuns. Neste contexto, a educação pode conduzir à formação do Homem participativo que respeita os valores democráticos, capaz de responder aos desafios inerentes a novos conhecimentos, que se adapta aos ritmos de mudança e responde de forma eficaz à imprevisibilidade, aliado à solidariedade e respeito pela diferença e pelo próprio planeta que o sustenta.
       Para dar resposta a novos desafios, Costa (2007) defende sistemas educativos que desenvolvam a imaginação, a criatividade, a comunicação e o trabalho em equipa, alicerçados pela flexibilidade na adaptação à mudança. No caso específico do sistema educativo português advoga maior interação entre os elementos que o constituem e entre este e a sociedade, preconiza a autonomia das escolas e a aposta na inovação e formação ao longo da vida, caminhando assim, em direção à demanda da Sociedade de Informação e do Conhecimento.


Bibliografia:
  Clímaco, Maria do Carmo (2005) – Avaliação de Sistemas em Educação. Lisboa: Universidade Aberta
“ Educação um Tesouro a Descobrir” (1996) Relatório para a UNESCO da Comissão Internacional sobre Educação para o século XXI – edições A
  Ramos. C (2007)    “Sobre o conceito de “Sistema”, in http://www.moodle.univ-ab.pt/moodle/
 Ramos. C (2007) – “Aspectos contextuais dos Sistemas Educativos” in http://www.moodle.univ-ab.pt/moodle/



[1] Lei n.º 46/86, de 14 de Outubro, (Lei de Bases do Sistema Educativo), artigo 3.º, alínea c),
[2] Lei n.º 46/86, de 14 de Outubro, artigo 3.º, alínea e),
[3] “Educação um Tesouro a Descobrir”- relatório para a Unesco da Comissão Internacional sobre Educação para o séc. XXI