Globalização, integração, cooperação, competitividade,
multiculturalidade, são termos que fazem parte do vocabulário dos países
desenvolvidos. Mas esta Europa do progresso, com índice de desenvolvimento
humano elevado, depara-se com problemas de desemprego, marginalidade, desequilibro
regionais, sociais e tecnológicos, que proclamam novos desafios!
A escola tradicional apoiada por sistemas
educativos centralizados, baseada no taylorismo, reprodutora da estrutura
social e assente no paradigma economicista não se enquadra na sociedade atual.
A hegemonia da escola na formação do jovem já não existe, a esfera do trabalho
e das organizações são contextos de aprendizagem onde se constroem novos
saberes e novas competências, questiona-se a função da escola.
Carneiro. R (1994) aponta cinco pontos
de insatisfação em relação aos sistemas educativos europeus: insucesso
educativo elevado, fragilidade da relação educação/ emprego, incapacidade de
estado em resolver os problemas emergentes dos sistemas educativos, inadequação
dos sistemas educativos face à sociedade multicultural e modelos educativos
centrados na aquisição de objetivos cognitivos e intelectuais, desfasados das
exigências da sociedade atual. Qual a solução?
Numa sociedade global, Canário (2006) foca a
tendência da “regulação transnacional das política educativas”, consequência da
erosão política do estado-nação, integrados em organizações supra nacionais,
como é exemplo a União Europeia.
No âmbito da construção de políticas
comuns, o Conselho da Europa indica os pontos fulcrais para os sistemas educativos
dos estados membros, visando a competitividade da União Europeia no contexto
internacional e a coesão social. Assim defende:
- Desenvolvimento de competências essenciais
por todos os alunos, com o objetivo de promover o desenvolvimento pessoal, a
inclusão social, a participação ativa e a empregabilidade. Defendem a
centralidade dos programas de ensino no desenvolvimento de competências (comunicação
na língua materna e língua estrangeira, matemática, ciências e digital, tal
como competências transversais do saber ser, saber estar e saber viver em comum).
- Preparar o aluno para a aprendizagem
ao longo da vida, desenvolvendo metodologias na sala de aula capazes de tornar
o aluno mais autónomo na construção do conhecimento e envolvendo-o em práticas
colaborativas, apoiadas pelas tecnologias de informação e comunicação.
- Contribuir para o crescimento
económico sustentável, aumentando o sucesso escolar e a qualidade das aprendizagens,
com duplo objetivo, contribuir para o crescimento económico da união europeia e
a qualidade de vida do futuro cidadão.
- Promovendo a equidade na educação, optando
por políticas educativas, que em parceria com outros setores vão de encontro
aos problemas sociais que se refletem na escola.
- Promover uma escola para todos,
apostando em sistemas mais flexíveis capazes de integrarem todos os alunos,
através do desenvolvimento de práticas colaborativas e respeitando a individualidade
e singularidade.
- Preparar os futuros cidadãos para uma
cidadania ativa, através do desenvolvimento de iniciativas interligadas com o
meio, que permitam a participação democrática e criação de um clima de confiança
e responsabilidade social.
- Como principais agentes de mudança e
com funções cada vez mais exigentes é imprescindível maior aposta na qualidade
da formação do professor, quer no início, quer a longo da sua carreira.
- Apostar no desenvolvimento das
comunidades escolares, através da formação de lideranças que imprimem ritmo de
mudança, descentralizando os sistemas educativos e abrindo-se às comunidades
locais, promover um sistema de avaliação interna e externa com vista à
melhoria.
Os grandes desafios defendidos para a “Educação
do séc.XXI” assentam numa visão economicista da educação ao defender a educação/formação
para a “produtividade”, “competitividade” e “empregabilidade”( Canário,2006),
mas também podemos denotar uma vertente humanista, ao ir de encontro aos
problemas sociais e ao reconhecimento da diferença, mas não faltará a vertente
cultural, na defesa da arte e da imaginação, contribuindo para a formação do cidadão
em toda a sua plenitude?
Importa refletir sobre o modelo educativo
capaz de dar resposta à educação do séc. XXI.
Um modelo assente num tronco comum ou
aposta em percursos alternativos?
Uns defendem a mesma escola para todos,
durante a escolaridade obrigatória, outros apostam em percursos alternativos após
o ensino básico, ou ainda mais cedo. Qual a melhor opção?
Se para os primeiros a ideia subjacente
é que “uma sociedade democrática deve favorecer a igualdade de oportunidades, possibilitando
a escolaridade obrigatória às crianças uma socialização de qualidade nos vários
domínios: político, social, cultural e económico”; para os segundos, “a
qualidade das aprendizagens só é possível se as crianças poderem optar por
percursos diferenciados e assim ultrapassarem as situações de desigualdades
associadas à estrutura económica e social das suas famílias”.
São vários os cenários no contexto europeu, que decorrem de
diferentes interpretações políticas, económicas, sociológicas, pedagógicas,…,
mas todas concorrem para o mesmo objetivo, a qualidade das aprendizagens,
visando o sucesso do futuro cidadão.
Bibliografia :
Canário, Rui (2006) - A Escola e a Abordagem Comparada.
Novas realidades e novos olhares, in: sisifo.fpce.ul.pt/pdfs/03-RCanario.pdf
(consultado em 22/4/2012)
Vaniscotte, Francine - Les systèmes
éducatifs en Europe, in: :
http://www.moodle.univ-ab.pt/moodle/mod/resource/view.php?id=1166031
(consultado em 22/4/2012)