domingo, 10 de junho de 2012

A construção de um espaço europeu de educação e a construção da “Europa” como entidade.

Como temos vindo a referir a nível da União Europeia têm sido definidas um conjunto de medidas conducentes à orientação da política educativa dos estados membros, na formação de um bloco coeso capaz de competir economicamente à escala mundial e defender os valores europeus. É dentro deste contexto que se enquadra a EEE – Espaço Europeu da Educação.
            Consequência da globalização do mundo atual, é necessário edificarem-se novos pilares que sustentem o sistema educativo e lhes dê a direção a seguir, um sistema capaz de responder a uma nova ordem e modelos mundiais, envolvendo contextos pluriescalar, do local ao transnacional. Mas o que representa a educação neste mundo globalizante assente no paradigma neoliberal? Um bem transacionável de acesso condicionado à capacidade aquisitiva dos clientes ou um direito universal capaz de responder à heterogeneidade do público alvo? Possivelmente caminharemos nos dois sentidos, ou um superará o outro, mas os dois visam um objetivo comum, a criação e o desenvolvimento de um cidadão capaz de responder  aos desafios de uma sociedade  em  mudança. É na capacidade de resposta que está a afirmação da educação na sociedade e neste sentido, à EEE, associa-se um outro conceito, a “aprendizagem ao longo da vida”
            “O futuro da Europa depende da capacidade que os seus cidadãos tiverem          para fazer face aos desafios económicos e sociais. Um “espaço europeu de        aprendizagem ao longo da vida” permitirá aos cidadãos europeus passar         livremente de um ambiente de aprendizagem para um emprego, de uma   região ou de um país para outro a fim de utilizar da melhor forma as       respectivas      competências e qualificações[1]
            Nessa medida, a educação/ aprendizagem ao longo da vida e o espaço europeu de educação contêm aspirações e virtualidades que os constituem como objectos e projectos político que interferem no campo educacional a diferentes escalas.
            Dale (2008) defende um Espaço Europeu de Educação capaz de responder à mudança global  da sociedade e  às singulares  dos estados membros. O autor identifica um conjunto de transformações que têm vindo a ocorrer ao longo das últimas décadas, nomeadamente:1) mudanças no contexto político-económico mais abrangente;  2)mudanças na ‘arquitectura’ dos sistemas educativos resultantes de diferentes conjugações dos quatro elementos enraizados nas relações da educação, modernidade e capitalismo: a modernidade, os problemas essenciais do capitalismo, a ‘gramática’ da escola e a relação da Educação com as sociedades nacionais ; 3) mudanças quanto ao que é capaz e o que é exigido aos sistemas educativos ; 4) mudança quanto ao valor atribuído ao contributo dos sistemas educativos para a satisfação das exigências criadas por alterações de contexto. Segundo Dale (2008: 19) estes “ são os desafios e as oportunidades de um Espaço Europeu de Educação onde a escala e a natureza da governação educacional estão a mudar, onde estão em risco os propósitos e os contributos da educação, onde não há um conteúdo nuclear de Educação forte e comum, mas onde a sua arquitectura, e em especial a gramática da escola e as suas responsabilidades nacionais, embora sob considerável pressão, continuam a ser um poderoso elemento de continuidade.” Quais as respostas a estas mudanças pela União Europeia?
            Depois da Cimeira de Lisboa, há a aposta na formação de um novo EEE, onde esteja presente o princípio da subsidiariedade. Mas como enquadrar as diferenças dos sistemas educativos num projeto europeu? Dale (2008) identifica as seguintes ações desenvolvidas no contexto europeu: definição de “qualidade” como base de comparação entre os estados membros no setor da educação, enquadrando-se aqui o relatório de dezasseis indicadores de qualidade; construção do EEE, através do MAC – método aberto de coordenação, através de metas a atingir no âmbito da União Europeia, sendo estes níveis referencia para os estados membro, e valorização das melhores práticas. Mas como refere Dale (2008: 26 ) “ o MAC opera mais na base da proscrição do que na da prescrição; isto é, tende mais a patrulhar as fronteiras do possível do que a definir com precisão o que o território assim definido deve conter” . Aprendizagem ao longo da vida, como programa integrado único, é outra ação em desenvolvimento, mas até agora ficou aquém das expectativas, no entanto poderá ser o alicerce para outros programas no campo da educação e na construção de uma europa mais coesa e solidária.  
            Cinquenta e cinco anos depois da sua formação a “Europa” continua o seu caminho de construção e reconstrução, envolvendo os vários setores, aos quais a educação não foge à regra. Interpretar a política educativa nacional, pressupõe uma visão europeia do setor. Esta não o determina, mas orienta!

Bibliografia
 Dale ,Roger (2008)  - Construir a Europa através de um Espaço Europeu de Educação, in: http://revistas.ulusofona.pt/index.php/rleducacao/article/view/565 (recuperado em 23/5/2012)



[1] In:http://europa.eu/legislation_summaries/education_training_youth/lifelong_learning/c11054_pt.htm
(recuperado em 6/6/2012)

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