domingo, 20 de maio de 2012

Que competências para o cidadão europeu?

            Em Março de 2000 foi adotado, no Conselho Europeu de Lisboa, o objetivo estratégico de “tornar a União Europeia no espaço económico mais dinâmico e competitivo do mundo, baseado no conhecimento e capaz de garantir um crescimento económico sustentável, com mais e melhores empregos e maior coesão social”[1]. Atingir este objetivo passa pela definição de estratégias comuns nas áreas económicas e sociais, entre as quais na educação. Neste sentido em 2006 foram adotadas no quadro europeu, as competências essenciais para a aprendizagem ao longo da vida, visando segundo Ján Figel[2] a formação de um cidadão europeu participativo capaz de se adaptar ao mundo do trabalho cada vez mais exigente e flexível e que permitam a inclusão e a realização pessoal. Assim, os sistemas educativos devem proporcionar ao público alvo o desenvolvimento de um conjunto de competências em oito áreas essenciais:
            1ª Comunicação na língua materna;
            2ª Comunicação em línguas estrangeiras;
            3ª Competência matemática e competências básicas em ciências e tecnologia;
            4ª Competência digital;
            5ª Aprender a aprender;
            6ª Competências sociais e cívicas;
            7ª Espírito de iniciativa e espírito empresarial;
            8ª Sensibilidade e expressão culturais.
            Na sociedade da informação e do conhecimento, a comunicação na língua materna e em línguas estrangeiras são a chave fundamental para a interação humana em contextos interculturais. Desenvolver uma linguagem baseada em pensamento estruturado e adaptada ao sujeito são fatores essenciais para a interação, construção do conhecimento e comunicabilidade.
            Desenvolver competências no âmbito do raciocínio logico e abstrato,  em ciências e tecnologia, permite ao jovem compreender a complexidade do mundo que o rodeia e utilizar diferentes modelos de explicação para as situações que encontra, possibilitando  resolver problemas que enfrentam de forma construtiva sem recorrer à violência ou risco excessivo. 
         Na era da tecnologia, o desenvolvimento de competências digitais é imprescindível, não só em termos técnicos, mas também na utilização crítica da informação. Cada vez mais o e-learning está presente em todas as formas de educação/formação. Este facto exige a capacidade de diferenciar o supérfluo do necessário; a capacidade de selecionar informação, de transferir e processar informação para o aprofundamento do conhecimento.
            A competência aprender a aprender centraliza todas as outras competências, ao permitir um processo de aprendizagem e melhoria das qualificações, assente nos pré-requisitos adquiridos. Um outro fator não menos importante é motivar o futuro cidadão a participar em novas aprendizagens, desenvolvendo uma atitude pró-ativa em relação à aprendizagem ao longo da vida.
            O desenvolvimento de competências sociais e cívicas focaliza o individuo como   pessoa, na sua relação com o outro e com outras culturas. Pressupõe o desenvolvimento de códigos de conduta que permitam ao futuro cidadão viver e conviver em diferentes estruturas sociais, contribuindo para a formação e defesa de ambientes onde impere a democracia, justiça, cidadania e igualdade de direitos.
            Nos tempos atuais, o termo “empreendorismo” é comum no léxico português. Desenvolver em contexto educativo projetos que vão de encontro à iniciativa dos jovens, o contacto com o mundo do trabalho ou com organizações voluntárias poderão dotá-lo de experiências capazes de irem de encontro à 7ª competência, não esquecendo no entanto valores éticos, no respeito pelos direitos do outro.  
            Não menos importante “Sensibilidade e expressão culturais” permite ao futuro cidadão o desenvolvimento de expressões culturais e estéticas capazes de usarem a criatividade numa perspetiva holística.
            Promover a formação do Homem na sua plenitude, implica visionar as competências na sua inter-relação e complementaridade. A atual sociedade exige sistemas educativos que promovam This will be achieved by all citizens acquiring transversal kecompetencies: learning-to-learn and communication skills, a sense of initiative and entrepa aprendizagem  de aprender, assentes em habilidades de comunicação, onde esteja presente a promoção do espírito de iniciativa e empreendedorismo, tal comodigital competence including media literacy, cultural awareness and cultural expression. competências digitais incluindo a literacia mediática, não esquecendo o “belo” da consciência e expressão cultural.

            Concordando com Hargreaves, (2003:37) “A sociedade do conhecimento é uma sociedade da aprendizagem. O sucesso económico e uma cultura de inovação contínua dependem da capacidade dos trabalhadores para continuarem a aprender por si próprios e uns com os outros. Uma economia baseada no conhecimento não funciona no poder das máquinas, mas sim no dos cérebros - o poder de pensar, de aprender, de inovar.”



Bibliografia:
Hargreaves, A. (2003). O Ensino na sociedade do conhecimento. Porto. Porto editora.
Webgrafia:
A urgência das reformas para fazer triunfar a estratégia de Lisboa in: http://europa.eu/legislation_summaries/education_training_youth/general_framework/c11049_pt.htm (recuperado em  9/5/2012)
Competências Essenciais para a Aprendizagem ao Longo da Vida- Quadro de ReferênciaEuropeu, in: http://ec.europa.eu/dgs /education_cultur/publ/pdf/ll-learning/keycomp_pt.pdf (recuperado em 9/5/2012






[1]   In: A urgência das reformas para fazer triunfar a estratégia de Lisboa in: http://europa.eu/legislation_summaries/education_training_youth/general_framework/c11049_pt.htm
[2] Ján Figel (comissário europeu para a Educação, Formação, Cultura e Multilinguismo)